Saúde mental. Segurança. Liberdade. Sustentabilidade. Coletividade. Há uma diferença muito importante entre o mundo antes e depois da Pandemia: nosso comportamento diante dos desafios sociais. Estamos enfrentando um questionamento profundo de um status quo já desgastado, que demanda nossa atenção coletiva no que diz respeito a mudanças climáticas, desigualdades, degradação ambiental e muito mais.
Lidar com questões globais costumava ser uma preocupação apenas para os especialistas e os bons políticos. Mas cada vez mais as marcas estão sendo chamadas a oferecer respostas consistentes aos desafios do nosso tempo. Num momento em que os valores podem estar mudando, você sabe o que impulsionará as escolhas dos seus clientes?
Usar uma hashtag não é uma resposta de marca suficiente a 400 anos de opressão, racismo e injustiça. Mudar a cor do seu logotipo para rosa no Dia Internacional da Mulher ou usar um avatar com as cores do arco-íris não ajuda a eliminar as desigualdades de gênero.
Não basta criar um visual atraente e cativante para encantar os consumidores. Para prosperar nessa era do consumo consciente as marcas devem pensar e agir de novas maneiras. Elas precisam se tornar “marcas regenerativas”.
A regeneração não é apenas sobre recuperar o que foi perdido, mas sobre renovar e criar um impacto positivo duradouro. Ao adotar práticas regenerativas, as empresas contribuem ativamente para a restauração dos sistemas naturais e sociais. É uma transição fundamental, não apenas na forma como fazemos negócios, mas na maneira como percebemos nosso papel no mundo.
Marcas regenerativas, transformações reais!
Segundo Liz Courtney, business development da Consultoria BBMG, as marcas regenerativas são uma evolução necessária das marcas sustentáveis e das marcas humanas. Elas buscam não apenas minimizar danos, mas criar um impacto positivo. Essas marcas têm uma visão ampla e ativa de seu papel na sociedade. Isso envolve a construção de modelos de negócios mais conscientes e responsáveis, que promovem equidade social e contribuem ativamente para a restauração e regeneração de ecossistemas.
As marcas regenerativas devem cultivar três qualidades essenciais: consciência, aditividade e vitalidade. Elas estão cientes de que reduzir o impacto negativo no planeta não é mais suficiente. O maior desafio da sustentabilidade hoje é regenerar os recursos do mundo e reparar os danos acumulados ao longo dos séculos. O papel das marcas, cada vez mais, é impulsionar uma economia mais inclusiva e sustentável, se tornando agentes proativos de mudanças.
Uma marca regenerativa é aquela que está empenhada em ter um impacto positivo não somente em como os seus produtos e serviços afetam e melhoram o ambiente mas principalmente como as suas práticas afetam e inspiram as pessoas envolvidas no seu processo: funcionários, consumidores, parceiros e até concorrentes.
Para os negócios de impacto, adotar a abordagem de marcas regenerativas é essencial. Elas não apenas satisfazem as necessidades dos consumidores atuais, cada vez mais conscientes, mas também se alinham a um futuro sustentável. Além disso, essa abordagem pode diferenciar as empresas em um mercado saturado, ganhando a confiança dos consumidores que buscam marcas com propósitos genuínos.
O branding em uma marca regenerativa vai além da construção de uma imagem superficial. Está enraizado na autenticidade, na incorporação de valores e na ação real. Se a regeneração não estiver no cerne do propósito da empresa, adotar esse rótulo apenas por modismo ou tendência pode ser percebido como oportunismo e levar a críticas negativas. Uma marca regenerativa geralmente é construída com base em práticas de negócios sustentáveis e transparentes, o que pode reforçar sua reputação e a confiança dos consumidores.
Marcas como a Patagônia, com seu compromisso de doar 1% de suas vendas para organizações ambientais e B Corps como a Eileen Fisher, que promove práticas de produção responsáveis e éticas, são exemplos inspiradores de marcas regenerativas que buscam criar um impacto positivo em múltiplas dimensões: social, ambiental e econômica.
No Brasil, também observamos a ascensão de marcas comprometidas com práticas regenerativas. Um exemplo notável é a Natura, uma gigante do setor de cosméticos que tem demonstrado um profundo compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social. A empresa investe em práticas que visam a regeneração, desde a busca por ingredientes naturais sustentáveis até a promoção da economia circular.
Outro exemplo é o Instituto Capitalismo Consciente, que tem se destacado ao promover uma nova visão de negócios, onde as empresas não apenas buscam o lucro, mas também incorporam um propósito social e ambiental. Este movimento busca alinhar os interesses dos negócios com o bem-estar das pessoas e do planeta, exemplificando o potencial transformador das marcas regenerativas no cenário brasileiro.
Ao alinhar os interesses dos negócios com os interesses da sociedade, as marcas regenerativas estão na vanguarda de uma nova era dos negócios de impacto, demonstrando que o sucesso pode ser medido não apenas em termos de lucro, mas também em termos de contribuição positiva para o bem-estar de todos.
Criar uma marca regenerativa vai além de estratégias comerciais comuns. Envolve um compromisso profundo com o planejamento estratégico e ações tangíveis que refletem os valores da marca. A conscientização vem de três perguntas-chave:
O que as pessoas querem? O que o mundo precisa? O que minha marca oferece de maneira única?
Mas essas e outras questões vamos abordar em nosso próximo artigo, sobre como construir uma marca regenerativa!
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Referências