Caminhos estratégicos para construir uma marca regenerativa

Anna Borges |  @aztecadesign | 22 novembro, 2023



No artigo anterior abordamos o conceito de marcas regenerativas e a importância de se construir modelos de negócios mais sustentáveis e responsáveis. Nesta segunda parte, vamos trazer alguns insights sobre caminhos estratégicos para se construir marcas mais conscientes.
Uma marca regenerativa é aquela que está empenhada em ter um impacto líquido positivo no mundo em termos de como os seus produtos e serviços afetam e melhoram o ambiente e também como as suas práticas afetam e inspiram as pessoas que toca: funcionários, consumidores, parceiros da cadeia de abastecimento e até concorrentes.
É por isso que construir uma marca regenerativa vai além de estratégias comerciais comuns. Envolve um compromisso profundo com o planejamento estratégico e ações tangíveis que refletem os valores da marca. Essa conscientização vem de três perguntas-chave: 
1. O que as pessoas querem? 
2. O que o mundo precisa? 
3. O que minha marca oferece de maneira única? 

A história por trás de uma marca regenerativa é uma estratégia relevante para construir o branding. Trabalhar com storytelling criar uma conexão emocional mais profunda com os consumidores. Falar dessa abordagem aqui pode parecer redundante, já que esse é um conceito que já está bastante saturado, principalmente como estratégia de marketing . Todos querem vender suas histórias envolventes e cativantes… mas poucas são as marcas que vivem sua história na prática, como um propósito real.
As marcas regenerativas não apenas contam histórias; elas as vivenciam. Isso implica agir de maneira autêntica e coerente com seus valores e cultura. As marcas têm de viver sua história em tudo o que fazem, em todas as etapas da cadeia de valor. Não é suficiente dizer que você é uma marca inclusiva quando sua equipe é composta apenas por homens brancos heterossexuais, do gênero cis, sem deficiência, de meia-idade e de classe média. Não basta dizer que você é uma marca sustentável se seus fornecedores são poluidores, não praticam uma economia circular e exploram mão de obra sem direitos trabalhistas.

E como é isso na prática? Tudo começa com a tomada de consciência!
A regeneração é uma mentalidade que deve ser aplicada em todo o negócio, desde a forma como obtemos materiais até à forma como fabricamos produtos, desde a forma como tratamos os funcionários e parceiros até à forma como utilizamos, reutilizamos, partilhamos, reparamos e reaproveitamos os produtos ao longo do tempo.
A Natura é um exemplo de marca que busca para promover uma melhor forma de viver e fazer negócios orientada pelo propósito de gerar impacto positivo. Além de ser uma marca regenerativa, a empresa se engajou no movimento B Corp (Sistema B) pela sintonia com a sua proposta de impulsionar uma comunidade global de líderes engajados em novas formas de negócios, que equilibram lucro e propósito. Dessa forma, a marca reforça o seu compromisso com a sustentabilidade, respondendo ao desafio de contribuir de forma positiva para a sociedade e para a proteção da natureza, a partir da implementação de uma economia circular, da promoção de um consumo responsável e da responsabilização da cadeia de valor.
Nunca é demais reforçar que nos últimos anos os consumidores, de um modo geral, têm dado ainda mais valor às empresas que exercem o seu papel de agentes da mudança social e ambiental. Mas, para não ficar apenas no exemplo das grandes marcas, é importante lembrar que sua pequena empresa também pode se tornar uma marca regenerativa. Para isso, existem alguns caminhos estratégicos relevantes para se seguir:

Ter um propósito claro e autêntico: Uma marca regenerativa deve ter um propósito claro e autêntico voltado para a regeneração ambiental e/ou social. Esse propósito deve estar alinhado com os valores da marca e ser genuíno, evitando o "greenwashing" (marketing enganoso sobre sustentabilidade).
Manter o foco na regeneração: A regeneração deve ser o foco central da estratégia da marca. Isso envolve a identificação de áreas específicas de regeneração, como a restauração de ecossistemas, o apoio a comunidades locais ou a promoção de recursos naturais.
Agir com transparência e prestação de contas: As marcas regenerativas devem ser transparentes em relação às suas iniciativas e resultados. Isso inclui relatar o progresso em direção aos objetivos de regeneração, bem como a mensuração de impacto de forma clara e acessível.
Buscar colaboração e parcerias: A colaboração com outras organizações, comunidades locais e partes interessadas é fundamental. Isso pode incluir parcerias estratégicas para maximizar o impacto positivo.
Desenvolver inovação orientada para valores: A inovação deve ser orientada pelos valores da marca, com o objetivo de criar soluções criativas e sustentáveis para desafios ambientais e sociais.
Ter conscientização e engajamento: As marcas regenerativas frequentemente têm um papel importante na educação e engajamento do público. Isso envolve conscientizar as pessoas sobre questões críticas e inspirá-las a se envolverem ativamente na regeneração.
Criar um ciclo de vida de produtos e serviços: Avaliar e melhorar o ciclo de vida dos produtos e serviços é essencial. Isso significa considerar como os produtos são fabricados, usados e descartados de maneira sustentável.
Valorizar a cultura organizacional: A cultura organizacional deve refletir os valores de regeneração da marca. Isso envolve engajar funcionários e partes interessadas internas no compromisso com a regeneração.
Avaliar as métricas de impacto: Estabelecer métricas sólidas para medir o impacto nas áreas de regeneração escolhidas é fundamental. Isso permite que a marca avalie e comunique seu progresso de maneira eficaz.
Agir com flexibilidade e adaptação: As estratégias de uma marca regenerativa devem ser flexíveis e adaptáveis para lidar com desafios em constante evolução, sejam ambientais, sociais ou de mercado.

Ao adotar essas abordagens centradas na ação, as marcas regenerativas podem não apenas fortalecer sua posição no mercado, mas também contribuir para um mundo mais sustentável e equitativo. E, mais importante ainda, inspirar outras marcas a seguir o mesmo caminho de regeneração, levando a uma transformação coletiva em direção a um futuro melhor.





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Referências
What is Regenerative Branding?Liz Courtney, BBMG (2022)
Chegamos à era das marcas regenerativas. Daniela Lompa Nunes, Linkedin (2021)
Natura &Co. Certificação Empresa B. (2020)





Imagem de capa: Natura Ekos Amazônia ©Tátil Design.

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